A Associação Aprender Produzir Juntos nasceu em 08 de julho de 1984, fundada por Pe. Giovanni com o objetivo de acolher crianças e jovens que se encontravam em situação de exclusão econômica, social, cultural e política.
Naquela época, grande parte da população encontrava-se marginalizada dos bens de consumo necessários ao suprimento das necessidades básicas fundamentais ao desenvolvimento físico, cognitivo, cultural e espiritual; o estado não se fazia presente na vida do povo através das políticas públicas, hoje acessível a quase toda a população, a não ser para pedir e barganhar a vida do povo através da compra sistemática do voto.
A migração de jovens e pais de famílias aos grandes centros em busca de emprego era parte integrante do cotidiano de muitas famílias; crianças abandonadas, meninos de ruas e mendigos graçavam o centro de nossa cidade e o êxodo rural, começado na década de 70, ainda era marcante no inchaço das cidades polos como é o nosso caso e os grandes centros.
Pe. Giovanni, respondendo ao chamado de Deus que diz: “Eu vi muito bem a miséria do meu povo, ouvi o seu clamor contra seus opressores e conheço os seus sofrimentos. Por isso desci para libertá-los” ( Ex.3, 7-8), foi esta presença profética no meio dos mais vulnerabilizados, criando a entidade APJ para acolher e cuidar das crianças e jovens através de oficinas pedagógicas para crianças e adolescentes e cursos profissionalizantes com a possibilidade de integração num grupo cooperativista para a juventude com recursos de projetos e da solidariedade dos seus amigos e parceiros italianos.
Através de doações da solidariedade italiana e do Brasil, projetos e parcerias públicas e privadas, APJ cresceu, desenvolveu e se tornou ao longo destes seus 32 anos uma referência na educação preventiva, na formação profissional e na promoção do cooperativismo na cidade de Teófilo Otoni e todo o vale do Mucuri.
Com o lema de que “Somos mestres e alunos uns dos outros” e “não ter patrão, não ser patrão”, APJ chegou a fomentar 17 cooperativas com quase 150 cooperados nas várias cooperativa do eixo econômico e chegou a atender mais de 900 crianças e adolescentes na oficina pedagógica através do projeto Casa do Adolescente que funcionou desde 1996 a 2008, quando o governo Estado, por perseguição política rescindiu um convênio de 22 anos para a realização do tempo integral administrado pela entidade APJ através do referido convênio com a Secretaria Estadual de Educação.
Além da promoção do cooperativismo, e de realização do tempo integral com o projeto educacional Casa adolescente, APJ realizou, também em parceria com o governo do Estado o projeto de Egresso, o projeto Casa de Passagem e por conta própria criou o projeto Família Solidária que funciona até hoje sob a coordenação da entidade AMCA bem como realizou em 2007 o projeto Escola de Fábrica em parceria com o MEC ( Ministério da Educação).
Na área da formação cidadã, da promoção e articulação dos trabalhadores do campo e da cidade, a entidade APJ sempre ofereceu gratuitamente os seus espaços e sua equipe para a realização de encontros, oficinas, seminários, conferências e assembleias de vários movimentos populares, sindicatos e associações, como também é uma das articuladoras do movimento de Economia Solidária e de política territorial do território de cidadania do Vale do Mucuri.
Com o desenvolvimento do estado brasileiro no sentido de começar a garantir os direitos básicos dos cidadãos através das mais variadas políticas públicas, APJ se perguntou em 2010: Como continuar sendo fiel aos ideais? Como ser presença profética nos dias de hoje? Qual de fato é o lugar da entidade APJ na atual conjuntura do Brasil, tendo como centralidade os objetivos fundantes da entidade? Qual deve ser a atuação da entidade diante desta realidade que mudou e muito para melhor, nos próximos 30 anos da entidade APJ?
E a resposta não poderia ser outra, senão aquela de fortalecer as ações do eixo do desenvolvimento econômico no sentido de atuar em projetos que dê sustentação ideológica ao processo de transformação da sociedade ajudando a repensar o modo de organização do trabalho, de produção e consumo através do fortalecimento da Economia Solidária fortalecendo os projetos de finanças e comercialização Solidária e formação profissional que nasceu com a entidade e continua sendo uma necessidade nos dias atuais, tendo em vista a construção de uma sociedade economicamente justa, eticamente solidária, culturalmente plural e ambientalmente sustentável.
Neste sentido, a Escola de Formação – EFOP/APJ com os cursos de cooperativismo, vestuário e moda e mecânica; o Banclisa – Banco Comunitário de Liberdade e Inclusão Solidária Articulada e a Central de Comercialização Solidária do Vale do Mucuri, a animação do Fórum Regional de Economia Solidária e da Política Territorial do território cidadania do vale do Mucuri, além de serem fortes instrumentos de fortalecimento da classe trabalhadora demonstra a atualização da entidade APJ em ler corretamente o seu tempo e o seu lugar e dar respostas atuais e coerentes com os princípios fundantes da entidade, continuando a ser esta presenças profética, no cuidado com os mais vulnerabilizados e na organização do povo, como sempre fez e esteve.
Conheça uma pouco mais sobre nosso fundador, Pe. Giovanni Batista Lisa, assistindo ao vídeo: